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Luís de Camões, Os Lusíadas
CAM-3-P, Lisboa: António Gonçalves, 1572, p. rosto
Biblioteca Nacional de Portugal
Vários autores, Cancioneiro Luís Franco Correia
COD. 4413, 1557-1589, f. 204r
Biblioteca Nacional de Portugal
Manuel Faria e Sousa, Lusiadas. Comentadas por...
Madrid: Iuan Sanchez, 1639, col. 37
Biblioteca Nacional de Portugal

Dos vários plausíveis apógrafos dos Lusíadas, chegou até nós apenas o chamado Cancioneiro Luís Franco Correia, um in-fólio de 297 fólios, com marcas-de-águas diversas e paratextos de mão diferente e aparentemente mais moderna. Aí se encontra copiado somente o primeiro canto do poema, com a rubrica “Elusíadas de Luís de Camões a el-Rei D. Sebastião” (fls. 203r-215v), e a indicação final “não continuo porque saiu à luz”, que coloca a sua transcrição por volta de 1572. Ainda sabemos da existência de, pelo menos, outro manuscrito que contém os primeiros seis cantos, pertencente à livraria de Pedro Coello, cujas variantes em relação ao texto impresso foram reveladas por Manuel Faria e Sousa em 1639.

Entre as muitas variantes, a relativa ao título pode representar emblematicamente o labor camoniano sobre o seu texto. De facto, a comparação entre as variantes registadas por Faria e Sousa relativas à versão do ms. Pedro Coello, as lições do Cancioneiro Luís Franco Correia e a primeira edição, revelaria uma revisão na seleção das fontes e um mais amadurecido uso delas. Se a versão Pedro Coello seria antecedente à de Luís Franco Correia, podemos apreciar logo no título um movimento de aperfeiçoamento e redefinição que se nota ao longo dos cantos. Já Carolina Michaëlis, dando a paternidade a André de Resende da palavra “Lusíada”, lembraria também as suas variantes “Lisíadas”, “Elisiadas”, “Elusiadas”. Se a nota de acompanhamento da versão Pedro Coello apresenta um poema ainda sem um título preciso (“Estes seis cantos se furtaram a Luís de Camões da obra que tem começado sobre o descobrimento e conquista da Índia pelos portugueses”), o título Elusíadas testemunharia uma fase em que o poeta ou citaria de cor ou estaria indeciso entre várias formas possíveis, para, em vista da impressão, escolher definitivamente a forma presente no Vincentius levyta et martir de André de Resende.

Valeria Tocco |

Università di Pisa