Variação regional no som inicial de "vento"
Exemplo de variação lexical
(Fonte: inquéritos dialetais do Atlas Linguarum Europae (ALE) em 1975, pelo CLUL – www.clul.ulisboa.pt)

A variação é uma característica intrínseca e universal da linguagem humana. Pode ser identificada pela coexistência de propriedades ou elementos linguísticos equivalentes e alternantes (variantes, ao nível dos sons, das palavras, das construções frásicas, por exemplo).

As línguas que falamos variam entre si enquanto instâncias de um mesmo sistema (variação interlinguística). O sistema de comunicação naturalmente desenvolvido pelos humanos, identificável por propriedades universais abstratamente unificadoras, mas flexíveis, manifesta-se nas comunidades de falantes de formas que diferem, designáveis como variedades linguísticas, independentemente de serem ou não consideradas, com base em fatores extralinguísticos, língua ou dialeto X ou Y. 

Qualquer língua natural revela também variação interna (variação intralinguística), sendo assim mais adequadamente identificável como um conjunto de variedades do que como um sistema monolítico e invariável. A variação é geralmente correlacionada com fatores extralinguísticos também variáveis, de natureza diacrónica, geográfica, social e situacional, que podem interatuar. Assim, diferentes tempos, diferentes regiões, diferentes caracterizações sociais (idade, nível de instrução dos falantes, por ex.), contextos situacionais de maior ou menor formalidade podem estar associados a variação em determinados elementos do sistema linguístico (e.g. cantais/cantades, [v]ento/[b]entogafanhoto/saltãoestar a ver/estar vendo).

Ernestina Carrilho |

Universidade de Lisboa