José Régio, “O Anjo da Espada de Fogo”
Espólio José Régio, 65.005
Biblioteca Municipal de Vila do Conde
José Régio, Primeiro Volume de Teatro, Porto: Imprensa Portuguesa, 1940, p. 17
Biblioteca Nacional de Portugal

A obra dramática Jacob e o Anjo é um caso paradigmático de uma longa e complexa génese (mais de duas décadas), atravessando três géneros literários: poesia, prosa dialogada e texto dramático.

Durante a adolescência (1915-16), Régio escreveu poemas cujas abordagens textuais já deixavam prever o tema que iria ser desenvolvido. Mas, o título “Jacob e o Anjo” só surge na produção regiana num de dois cadernos com poemas ilustrados (1926-27), intitulados Novos Poemas de Deus e do Diabo.

No canto inferior esquerdo da página com o poema “O Anjo da Espada de Fogo”, lê-se a anotação do autor: “variante do título: Jacob e o Anjo”. No canto superior direito e ainda na margem esquerda da mesma página, podem ser lidas notas autógrafas posteriores sobre os locais onde esse poema reapareceu, em versão corrigida, mas com o título “Velha História”: n.º 16 da Presença e segundo caderno autógrafo (1928-29).

O título “Jacob e o Anjo” reapareceu na revista Presença, atribuído a um conjunto de diálogos com o subtítulo “ou a história do rei e do bobo, escrita em seis diálogos, aumentados de cenários, do monólogo do rei e dum epílogo”. Desses diálogos apenas dois foram publicados: o primeiro, no n.º 28 (1930), e o quarto no n.º 32-33 (1931).

Ainda que o autor não tenha justificado a interrupção dos diálogos (que consideramos uma fase intermédia desse projeto) é seguro afirmar que Régio já dominava todo o conteúdo e, por isso, decidiu avançar para a obra dramática “Jacob e o Anjo: Mistério em 3 actos, um prólogo e um epílogo” que foi publicando, parcelarmente, na Revista de Portugal, entre 1937 e 1939.

A primeira versão integral da obra “Jacob e o Anjo: Mistério em 3 actos, um prólogo e um epílogofoi publicada no Primeiro Volume de Teatro, em 1940.

Isabel Cadete Novais |

Centro de Estudos Regianos